terça-feira, 12 de maio de 2009

Novo vírus ainda pode sofrer mutação e causar pandemia, diz OMS

Novo vírus ainda pode sofrer mutação e causar pandemia, diz OMS

Ter, 12 Mai, 08h36

Por Stephanie Nebehay

GENEBRA (Reuters) - O novo vírus H1N1 ainda pode passar por mutações que o tornem mais virulento e gerem uma pandemia de gripe que poderia dar até três voltas no planeta, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira.

O impacto da eventual pandemia seria variável, já que um vírus que causa apenas sintomas brandos em países com sistemas de saúde sólidos pode se tornar "devastador" nos países com carência de hospitais, medicamentos e profissionais da saúde, segundo a OMS.

A nova doença, popularmente chamada de gripe suína, "parece ser mais contagiosa do que a gripe sazonal", e quase toda a população mundial não tem imunidade contra ela, segundo documento divulgado durante a noite pela OMS, sob o título "Avaliando a gravidade da pandemia de influenza".

Thomas Abraham, porta-voz da OMS, disse à Reuters que o documento "tenta explicar os diferentes aspectos da gravidade, não só da patogenicidade do vírus, mas dos seus impactos sobre os sistemas sociais e de saúde". "É uma resposta a questões do público e da mídia", afirmou.

O nível de alerta da OMS contra pandemias está no grau 5, numa escala que vai até 6. Isso significa que uma pandemia é iminente, mas que a doença não apresenta transmissão interpessoal contínua fora da América do Norte.

De acordo com o boletim de terça-feira da OMS, foram confirmados 5.251 casos em 30 países, com 61 mortes. Os países mais afetados são México (2.059 casos e 56 mortes) e Estados Unidos (2.600 casos, três mortes).

Exceto no México, a doença tende a causar sintomas brandos em pessoas saudáveis. Mas vírus da gripe sofrem mutações frequentes e imprevisíveis, e "o surgimento de um vírus inerentemente mais virulento durante o curso de uma pandemia nunca pode ser descartado", disse a OMS.

"A gravidade geral de uma pandemia é ainda mais influenciada pela tendência das pandemias de circularem o globo em pelo menos duas, às vezes três ondas", disse a OMS.

O texto lembra que a pandemia de 1918, que matou dezenas de milhões de pessoas, começou branda e voltou muito mais letal seis meses depois. Já a de 1968 permaneceu branda na maioria dos países, mas não em todos.

O novo vírus parece ter contágio mais fácil do que a gripe comum, que mata 250-500 mil pessoas por ano no mundo -- uma letalidade de menos de 0,1 por cento.

terça-feira, 5 de maio de 2009

gripe suína

28/04/09 - 13h04 - Atualizado em 04/05/09 - 10h58

Tire suas dúvidas sobre o risco e a prevenção da nova gripe

Conheça os sintomas, como ocorre o contágio e como evitá-lo.
Já há drogas capazes de combater o vírus, diz órgão americano.

Reinaldo José Lopes e Salvador Nogueira Do G1, em São


A gripe A (H1N1) é uma doença respiratória de porcos causada por um vírus influenza tipo A que causa regularmente crises de gripe em porcos. Ocasionalmente, o vírus vence a barreira entre espécies e afeta humanos. O vírus da gripe suína clássico foi isolado pela primeira vez num porco em 1930. Saiba o que conhecemos desta doença.

Como a gripe suína mata?

Na verdade, qualquer tipo de gripe pode matar, em especial pessoas com sistema imune (de defesa do organismo) enfraquecido. A gripe suína parece ser capaz de afetar gravemente pessoas com sistema imune mais forte, e seu mecanismo de ação ainda precisa ser estudado em detalhes. No entanto, o principal risco associado à doença é uma inflamação severa dos pulmões, que pode levar à insuficiência respiratória, ou seja, incapacidade de respirar direito. Outras complicações sérias têm a ver com lesões severas nos músculos, que podem levar a problemas nos rins e no coração, e mesmo, mais raramente, meningites e outros problemas no sistema nervoso central. Em todos esses casos, pode ocorrer a morte.

Quantos vírus de gripe suína existem?
Como todos os vírus de gripe, os suínos também mudam constantemente. Os porcos podem ser infectados por vírus de gripe aviária e humana. Quando todos contaminam o mesmo porco, pode haver mistura genética e novos vírus que são uma mistura de suíno, humano e aviário podem aparecer. No momento, há quatro classes principais de vírus de gripe suína do tipo A são H1N1, H1N2, H3N2 e H3N1.

Qual é o vírus que está causando a crise atual?
É uma versão nova do H1N1.

Como os seres humanos pegam gripe suína?

Normalmente, esses vírus não infectam humanos. Entretanto, vez por outra, mutações no vírus permitem que eles contaminem pessoas. Na maioria das vezes, os contágios acontecem quando há contato direto de humanos com porcos. Mas também já houve casos em que, após a transmissão inicial do porco para o homem, a partir dali o vírus passou a circular de pessoa para pessoa. Foi o caso de uma série de casos ocorridas em Wisconsin, EUA, em 1988. Nesses casos, a transmissão ocorre como a gripe tradicional, pela tosse ou pelo espirro de pessoas infectadas.

Consumir carne de porco pode causar gripe suína?
Não. Ao cozinhar a carne de porco a 70 graus Celsius, os vírus da gripe são completamente destruídos, impedindo qualquer contaminação.

O que significa a palavra "pandemia" e os níveis de perigo da OMS?

O termo "pandemia" se refere a uma epidemia de proporções globais, no qual há surtos de uma dada doença de forma "sustentável" (ou seja, sem interrupção da cadeia de transmissão no horizonte) em vários países e em mais de um continente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) usa uma escala de seis fases para caracterizar a transmissão dos vírus influenza (da gripe) pelo planeta.

Na fase 1, a transmissão só ocorre entre animais.

A fase 2 se caracteriza pelos primeiros relatos de transmissão do vírus de animais para seres humanos.

Pequenos grupos de casos entre humanos definem a fase 3. Nela, no entanto, a transmissão de pessoa para pessoa ainda não é eficiente no grau necessário para que a comunidade inteira onde vivem os infectados esteja em risco.

Na fase 4, a dinâmica da infecção é sustentável o suficiente para causar surtos afetando comunidades inteiras. O risco de pandemia é grande, mas não 100% certo.

A fase 5 corresponde à transmissão de pessoa para pessoa em mais de um país, indicando uma pandemia iminente.

Finalmente, na fase 6, a pandemia está caracterizada.

O que fazer para evitar o contágio?

O CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA) fez algumas recomendações para evitar a doença.

- Cubra seu nariz e boca com um lenço quando tossir ou espirrar. Jogue no lixo o lenço após o uso.

- Lave suas mãos constantemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar. Produtos à base de álcool para limpar as mãos também são efetivos.

- Evite tocar seus olhos, nariz ou boca. Os germes se espalham deste modo.


- Evite contato próximo com pessoas doentes.

- Se você ficar doente, fique em casa e limite o contato com outros, para evitar infectá-los.

A gripe suína é transmitida para animais domésticos, como canarinhos, cães, papagaios e gatos?

Muito provavelmente, não. É cedo para dizer que outros animais estão imunes, mas a característica desse vírus é de transmissão entre suínos -- e agora entre humanos. Normalmente, aves domésticas são contaminadas por outros tipos de vírus. Já cães se infectam por outro tipo de influenza.

Quais são os sintomas da gripe suína?
Os sintomas são normalmente similares aos da gripe comum e incluem febre, letargia, falta de apetite e tosse. Algumas pessoas com gripe suína também tiveram coriza, garganta seca, náusea, vômito e diarreia.

Qual o índice de mortalidade dessa forma da doença?

Ainda é cedo para ter estatísticas precisas, mas cerca de um em cada 15 a 20 casos da doença até agora diagnosticados resultou em morte -- taxa considerada alta.

Como se faz o diagnóstico de gripe suína?
Para identificar uma infecção por um vírus influenza do tipo A, é preciso analisar amostras respiratórias do paciente durante os primeiros 4 ou 5 dias da doença -- quando uma pessoa infectada tem mais chance de estar espalhando o vírus. Entretanto, algumas pessoas, especialmente crianças, podem manter o vírus presente por dez dias ou mais. A identificação do vírus é então feita em teste de laboratório.

O consumo de vitamina C ou outras medidas para melhorar a resistência do organismo podem ajudar na prevenção?

Provavelmente não muito, diz o biólogo Atila Iamarino, da USP, que faz doutorado sobre a evolução de vírus como o HIV. "A verdade é que não se sabe se o consumo de vitamina C realmente aumenta a resistência ao vírus. O organismo da pessoa pode estar bem preparado, mas, se as características do vírus nunca tiverem sido encontradas pelo sistema imune, existe o risco de infecção", afirma.

Como é feito o tratamento?

"Existem duas linhas de medicamentos. Uma delas, a amantadina, impede a entrada do vírus nas células humanas. A outra, de medicamentos como o Tamiflu [oseltamivir], tenta barrar a saída do vírus de uma célula quando ele tenta infectar outras", explica o biólogo da USP.

A má notícia, diz Iamarino, é que o H1N1 já se mostrou resistente à primeira classe de remédios. Por enquanto, o oseltamivir ainda parece ser capaz de agir contra ele.

Você pode tomar as atuais vacinas contra a gripe?

Sim. A recomendação é sempre essa, pois essas vacinas ajudam a combater a gripe tradicional.

As vacinas contra a gripe têm alguma influência na proteção contra a gripe suína?

De acordo com o pesquisador da USP, existe a possibilidade de essas vacinas oferecerem proteção parcial contra o vírus proveniente de porcos. No entanto, mesmo que isso aconteça, certamente a formulação delas não será a ideal. "Não sabemos, por exemplo, para que lado vai caminhar a variabilidade genética do vírus suíno. Normalmente, ao produzir uma vacina, você já leva em conta o conhecimento que tem do vírus para tentar cobrir a variação futura dele e alcançar o máximo possível de proteção", diz Iamarino.

Há vacinas específicas para a gripe suína?
No momento, somente para porcos, que são mais constantemente afetados por esse tipo de vírus. Mas as autoridades já anunciaram estar trabalhando numa versão humana da vacina, que deve ficar pronta em seis meses.

O que estão fazendo com estas máscaras descartáveis que vemos nos passageiros de aeroportos? Não seria necessária uma coleta especial para evitar contaminação?

O material de doentes internados em hospitais tem o descarte especial no local. Mas, no caso da maior parte dessas pessoas que estão usando máscaras, o material é para proteção. O pessoal dos voos que vêm com máscara a usam por precaução. Elas podem ser dispensadas num lixo de ambiente, num saco de lixo normal. Dos casos suspeitos, há orientação de jogar o material no hospital, devidamente acondicionado.

O que os cruzeiros marítimos estão fazendo para não terem surtos de gripe suína dentro dos navios?

Normalmente, o pessoal nos cruzeiros, a tripulação e os passageiros, entram em um determinado ponto e têm um trajeto definido. Se estão saindo do Brasil e vão para a Europa, em locais onde não há gripe suína, não tem como ter a transmissão. Se vão para lagum local de risco, devem evitar e cancelar o passeio. A bordo do navio, os cuidados são simples: lavagem de mãos, cuidado com pessoas com doenças respiratórias.

E os portos?

O pessoal de portos, aeroporto e fronteira, há dois anos, participam de treinamentos para situações de pandemia. Na época, a preocupação era com gripe aviária. Eles receberam treinamento específico desde então.

Fontes: CDC, Datasus, OMS, Atila Iamarino (biólogo, doutorando em evolução de vírus, USP, do blog Rainha Vermelha), e Nacy Junqueira Bellei, médica infectologista, coordenadora do setor de pesquisa em vírus respiratórios da Unifesp

Dinheiro pode transmitir gripe

Dinheiro pode transmitir gripe

fonte hotnews

Os vírus conseguem sobreviver mais de dez dias nas notas

Além do uso de máscaras, outro hábito tem recebido atenção nos países em que a gripe suína já faz vítimas: lavar as mãos com mais freqüência. Um estudo realizado por pesquisadores do Hospital das Clínicas de Geneva, na Suíça, indica que o vírus que transmite a gripe consegue sobreviver até 17 dias em notas de papel moeda. Para que isso aconteça, basta que o microorganismo esteja envolto em restos de muco (que podem ter passado ao dinheiro pela saliva, por exemplo).

Nas análises, os cientistas conseguiram atestar a resistência de uma variante comum do vírus influenza (e não daquela que assusta o mundo, causando a gripe suína). A contaminação aconteceria se uma pessoa saudável tocasse uma nota infestada pelo vírus (presente no muco) e levasse as mãos sujas nas proximidades da boca ou do nariz.

Mas não é de hoje que os especialistas alertam para os cuidados com a higiene no manuseio das notas. Um estudo no início da década de 1990 identificou microorganismos causadores de doenças como intoxicação alimentar e pneumonia em 94% das notas de dólar que circulavam nos Estados Unidos.

"Lavar as mãos é muito importante, tanto quanto se alimentar", afirma a infectologista Thaís Guimarães, coordenadora de divulgação da Sociedade Brasileira de Infectologia. A médica ainda alerta para os cuidados com toalhas e sabonetes, que devem ser líquidos. "Sabonetes em barra e toalhas de pano podem deixar a mão mais suja do que antes de ser lavada", diz a especialista.