terça-feira, 25 de março de 2008

Eles não são insubstituiveis


Medicina & Bem-estar

A hora de demitir o seu médico
Fonte: IstoÉ -
Edição 2003 - 26 DE MARÇO/2008

Aprenda a identificar os sinais que indicam o fim das boas relações com o profissional que cuida da sua saúde
MÔNICA TARANTINO


Encontrar um profissional atencioso e que transmita segurança é uma das maiores aspirações de quem procura um médico. Os que acham um profissional que atenda a essas necessidades sentem-se privilegiados. Afinal, tornou-se comum o paciente trocar de médico. É fácil entender por que. Exatamente por ser essa uma relação delicada, que envolve sentimentos poderosos – como a fragilidade do doente e a autoridade médica –, ela está sujeita a marés de confiança e a ondas de insatisfação. Mas como saber se a crise entre você e seu médico é passageira ou se chegou o momento de trocar de especialista?

Há vários esforços para obter essa resposta. Um dos que mais se empenham nessa tarefa é o médico Jerome Groopman, da Universidade de Harvard (EUA). “Existem sinais que podem ser identificados pelo paciente”, disse à ISTOÉ. Autor do best-seller americano How doctors think (Como os médicos pensam) e de outros três livros sobre médicos e doentes, ele usa a própria história para exemplificar uma relação sem futuro. “Quando tive uma lesão na mão, não fiquei com médicos que não davam atenção aos meus sintomas e que fizeram diagnósticos rápidos que não podiam ser justificados”, contou.

Foi essa percepção – o veredicto dado às pressas para os sintomas – que levou Clarice Costa, diretora de vendas dos cosméticos Mary Kay, a trocar o pediatra do filho, Rodrigo. “Ele tinha uma febre que durava uma semana. Mas o médico deu vários diagnósticos e não teve a humildade de pedir ajuda a um colega ou a coragem de me dizer que não sabia qual era o problema”, conta. Ela procurou outro pediatra, que identificou púrpura, doença caracterizada por hemorragia cutânea. O episódio deixou uma mensagem clara. “Não me trato com médicos arrogantes e que não têm humildade de assumir que têm dúvidas”, diz.

A falta de interesse do médico durante a consulta e sinais de irritação para responder a perguntas também indicam que talvez seja hora do adeus. “Se essa atitude se repetir, pode interferir na adesão do doente ao tratamento”, explica Cláudio Capitão, especialista em psicologia hospitalar do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. O psicólogo tem razão. Fica difícil seguir as recomendações de alguém que não se dispôs a explicar com paciência, por exemplo, quantas vezes o remédio deve ser tomado. Outro obstáculo difícil de ser transposto é quando o paciente não gosta do médico. Ou o contrário. Nesses casos, o especialista não se abre o suficiente para escutar o doente em profundidade. “O médico que não supera essa dificuldade pode indicar outro especialista, desde que não seja um caso de emergência”, diz Clóvis Francisco Constantino, do Conselho Federal de Psicologia.

Situação mais complexa é a quebra da relação de confiança. “Ela se manifesta quando o paciente não escuta mais o que você está dizendo”, observa o ginecologista Paulo Olmos, especialista em infertilidade. “Nessa área, em que o tratamento leva tempo para dar resultado, não é possível seguir em frente quando não há credibilidade entre as pessoas”, diz. Olmos já passou por um debate desse com uma paciente e recomendou a ela que procurasse outra opinião. “Ela ficou satisfeita e voltou”, conta. De todo modo, a atitude mais correta para lidar com os problemas na relação com o médico é você dizer a ele o que incomoda. Se o especialista nada fizer para recuperar sua confiança ou se você não se convencer, é mesmo hora de partir.

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