quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Arthur Moreira Lima leva mais de 3 mil à praça em Irecê

Prefeitura Municipal de Irecê
Cidade
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21/7/2008

Para um público atento e silencioso, durante 1h30, Arthur Moreira Lima executou as principais músicas de compositores eruditos e populares, brasileiros e mundiais


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Antes do sol se pôr neste sábado, 19, a Praça Góes Calmon, no centro de Irecê, começou a ter uma movimentação diferente. Sob o olhar curioso de alguns moradores, cerca de 20 homens trabalhavam na desmontagem de um caminhão Scania estacionado bem no meio da praça. Em menos de duas horas, o caminhão é transformado num palco de 45 m² tendo ao centro apenas um piano de cauda. O som dos alto-falantes anunciava que “às 19h, haveria a apresentação do aclamado pianista carioca Arthur Moreira Lima”.

Enquanto o palco estava sendo preparado, por volta das 18h30, no aeroporto da cidade, centenas de moradores foram acompanhar o desembarque do governador Jaques Wagner, acompanhado da primeira-dama do estado, Maria de Fátima Mendonça, e do Secretário de Cultura Márcio Meireles. Entre os moradores, a ansiedade era maior para Jacira Benício Lima, de 38 anos, deficiente visual. Ela recebeu da primeira-dama que também é presidente das Voluntárias Sociais, uma máquina de escrever em braile, um antigo pedido atendido pela instituição.

Convidados do artista, o governador, a primeira-dama e o secretário ocuparam uma das mil cadeiras reservadas para a platéia em plena praça pública. O número dos que ficaram de pé passou de 2 mil pessoas.

O advogado Cleonídio Vasconcelos, 68 anos, chegou bem cedo para ocupar um lugar bem à frente e não perder uma nota do concerto. Afinal, “Irecê nunca antes abrigou um evento desse porte, e é um privilégio, porque esse é um nome muito importante da música clássica universal”, disse ele.
O projeto um Piano pela Estrada 2008 - Brasil Sertões, que começou no extremo sul da Bahia em 26 de junho, fez em Irecê a 17ª das 20 apresentações previstas no estado. O palco itinerante de Moreira Lima deverá percorrer quase 90 cidades de 13 estados do norte e nordeste, centro –oeste e sudeste até o mês de dezembro.

Para um público atento e silencioso, durante 1h30, Arthur Moreira Lima executou as principais músicas de compositores eruditos e populares, brasileiros e mundiais num repertório com Bach, Mozart, Bethoven, Astor Piazzolla, Luiz Gonzaga e Vila-Lobos.

Entre uma música e outra, o pianista fez uma breve explicação sobre a vida de cada autor e sua obra, numa interação com o público formado em sua maioria por pessoas que nunca antes tiveram acesso à esse tipo de música.

O agricultor Adauto Correia que não conhecia Moreira Lima mas foi convencido a ir apreciar o espatáculo pela mulher, a auxiliar de escritório Elizete Lima, também fez questão de levar a filha do casal, Stella, de 3 anos. “É a chance de mostrar a ela a música clássica, numa região tão carente dessas manifestações culturais”, afimou o agricultor.

O espetáculo Um piano pela Estrada 2008 tem diversos patrocinadores, entre eles a Secretaria de Cultura da Bahia.
“Como foi demonstrado aqui, essa história de que o povo não gosta de música clássica não passa de um mito. Basta dar acesso a essas manifestações para perceber isso, em qualquer cidade do interior da Bahia por onde a caravana já passou”, firmou Márcio Meireles.

Nascido no Rio de Janeiro mas com formação musical aperfeiçoada na Europa, Arthur Moreira Lima não esconde a satisfação e a alegria que os concertos em praça pública lhes têm dado. “Em todas as cidades da Bahia, a média tem sido de duas mil pessoas por espetáculo. Esse resultado superou as minhas expectativas mais otimistas”, afirmou o músico numa entrevista concedida num hotel, logo após o concerto. Ele também acrescentou que ficou surpreso com a boa receptividade. “Na Bahia, o público não deixa nada a desejar em relação às platéias de teatros de todo os países da Europa, o continente onde a música clássica tem mais apreciadores e maior penetração”, disse sem disfarçar o sorriso largo.

Apreciador de longas datas do virtuose Moreira Lima, Jaques Wagner ficou muito feliz em ver a praça totalmente tomada por um público silencioso e reverente.
“O povo gosta de música, teatro, dança, cultura enfim, e por isso é preciso que os governantes ofereçam alternativas de manifestações artísticas de todas as matizes, sem nenhum tipo de preconceito”, disse o governador.

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