sábado, 3 de abril de 2010

Cientistas tentam defender trabalhos sobre o clima

The New York Times - 31/03/2010

Atualizado em 03/04

Há meses cientistas do clima sofrem críticas cruéis na mídia e na internet, acusados de esconder dados, cobrir erros e suprimir visões alternativas. Sua reposta até agora tem sido, em grande, parte, insistir na legitimidade de seu vasto corpo de ciência climática e ridicularizar seus críticos, chamando-os de esquisitos e desinformados. No entanto, o volume de críticas e a profundidade da dúvida só cresceram.

Muitos cientistas hoje estão enfrentando uma crise de confiança pública e sabem que tem de rebatê-la. A contragosto, eles estão começando a envolver seus críticos, admitir erros, abrir dados e remodelar a forma como conduzem seu trabalho.

A liberação não autorizada, no último outono, de centenas de mensagens de e-mail de um grande centro de pesquisa sobre o clima na Inglaterra, e, mais recentemente, revelações de um punhado de erros num suposto relatório confiável das Nações Unidas sobre a mudança climática, criaram o que vários cientistas importantes afirmam ser uma grande quebra de confiança em sua pesquisa. Eles afirmam que essa agitação ameaça minar décadas de trabalho e tem prejudicado enormemente a confiança do público na atividade científica.

No episódio do e-mail, chamado de "climategate" por alguns críticos, o conteúdo das mensagens vazadas fez com que alguns cientistas conhecidos sofressem acusações de esconder dados de temperatura de pesquisadores rivais e manipular resultados para estarem em conformidade com conclusões pré-estabelecidas. "Eu obviamente escrevi alguns e-mails terríveis", disse o britânico Phil Jones, diretor da unidade de pesquisa climática da University of East Anglia e centro da controvérsia, em confissão recente a um comitê especial do Parlamento. Mas ele discordou veementemente de acusações de que ele teria escondido dados ou falsificado resultados.

No entanto, danos sérios já foram causados. Uma pesquisa conduzida no final de dezembro pela Universidade de Yale e pela George Mason University descobriu que o número de americanos que acreditava que a mudança climática era uma enganação ou conspiração científica mais que dobrou desde 2008, de 7% da população para 16%. E 13% dos americanos disseram achar que, mesmo que o planeta esteja esquentando, isso seria resultado de fatores naturais apenas e não representaria uma preocupação significativa.

"Está claro que a comunidade científica do clima simplesmente não estava preparada para a escala e ferocidade dos ataques, e simplesmente não responderam de forma rápida e adequada", afirmou Peter C. Frumhoff, ecologista e cientista-chefe da Union of Concerned Scientists.

Agora várias instituições estão iniciando esforços para melhorar a qualidade de sua ciência e tornar seu trabalho mais transparente. A agência britânica oficial do clima está realizando uma revisão completa de seus dados de temperatura e irá tornar públicos seus registros e análises pela primeira vez, permitindo análises detalhadas por parte de terceiros em relações a métodos e conclusões.

Nenhum órgão científico está sofrendo inspeções mais hostis do que o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança Climática (IPCC), que compila pesquisas climáticas de centenas de cientistas ao redor do mundo em relatórios periódicos com o objetivo de ser a afirmação definitiva da ciência e um guia para a criação de diretrizes. Críticos, citando vários erros relativamente menores em seu relatório mais recente e acusações de conflitos de interesse contra seu líder, Rajendra K. Pachauri, pedem que o IPCC seja dispensado ou radicalmente reformulado.

Pachauri foi agraciado, em 2007, com o Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho no painel. A honraria foi dividida com o ex-vice presidente dos EUA, Al Gore.

No dia 27 de fevereiro, após semanas de recusa em envolver os críticos, o IPCC anunciou que estava solicitando a criação de um painel independente para revisar seus procedimentos de pesquisa, a fim de eliminar parcialidades e erros de futuros relatórios.

Entretanto, alguns críticos acreditam que se tratam apenas de esforços cosméticos que não resolvem o verdadeiro problema. "Vou deixar você por dentro de um segredo bem feio - não quero que a confiança na ciência do clima seja recuperada", disse Willis Eschenbach, engenheiro e oposicionista do clima que posta frequentemente em blogs de ceticismo climático, em resposta a uma proposta de cientistas de compartilhar mais pesquisas. "Não quero que vocês descubram como inspirar confiança camuflando suas práticas inescrupulosas de maneira inovadora", disse.

Ralph J. Cicerone, especialista em química atmosférica e presidente da National Academy of Sciences, órgão científico mais prestigiado dos Estados Unidos, disse haver o risco de que a desconfiança na ciência climática poderia se ramificar e gerar dúvidas em relação ao conhecimento científico de forma mais ampla. Ele disse que os cientistas devem fazer um trabalho melhor tentando ser ouvidos em redes de TV, rádio e internet.

The New York Times
Qua, 31 Mar, 05h11

Atualizado em 03/04

A batalha é desigual, no sentido de que os cientistas se sentem obrigados a apoiar suas descobertas com observação cuidadosa e análises replicáveis, embora seus críticos sejam livres para fazer afirmações condenando seu trabalho como fraudulentos.

"Temos que fazer um trabalho melhor de explicar que sempre existem mais coisas para serem aprendidas, sempre há incertezas a serem resolvidas", disse John P. Holdren, cientista ambiental e conselheiro científico da Casa Branca. "Mas também precisamos lembrar às pessoas de que as ocasiões onde um amplo consenso é derrubado por um incrédulo da ciência são muito, muito raras".

Porém, alguns cientistas disseram que responder a céticos em relação a mudanças climáticas

era perda de tempo. "Os cientistas do clima são pagos para fazer ciência", disse Gavin Schmidt, climatologista sênior do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA. "O trabalho deles não é convencer o público". Ele afirmou que a recente onda de hostilidade para com a ciência do clima tinha sido motivada tanto pelo inverno frio quanto por qualquer pecado científico, real ou percebido.

"Sempre houve pessoas nos acusando de sermos criminosos fraudulentos, que o IPCC seria corrupto", disse Schmidt. "A novidade é essa paranoia combinada com inverno frio nos Estados Unidos e a liberação do 'climategate'. A resposta é simples, ele disse: "A boa ciência é a melhor vingança".

sexta-feira, 2 de abril de 2010

casas sustentaveis

Casa popular contra terremotos e furacões é apresentada no 5° Fórum Urbano Mundial

Categorias: ARQUITETURA E URBANISMO, ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Casa popular com tecnologia contra terremotos e furacões (Foto: O  Globo)

Casa popular com tecnologia contra terremotos e furacões (Fotos: O Globo)

Rio de Janeiro - Das madeiras serradas, painéis e compensados são construídas casas populares de baixo custo e resistentes a desastres, como furacões e terremotos. Além disso, o mobiliário urbano do entorno também é todo sustentável e pronto para enfrentar abalos sísmicos. Durante o Fórum Urbano Mundial, que acontece até sexta-feira, o Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (EUBRA) apresenta o projeto Home4Haiti, com tecnologia inspirada na muralha da China. O modelo de residência foi desenvolvido por arquitetos brasileiros e italianos e pretende contribuir para a reconstrução do Haiti.

No projeto há dois tipos de casas, ambas de 50 metros quadrados, incluindo dois dormitórios, sala, banheiro e cozinha. A primeira faz uso de tijolos queimados, cimento e estrutura em aço. O prazo para construção é de, no máximo, 20 dias e o custo da casa pronta é de R$ 8 mil. Já a segunda é feita de madeira reaproveitada do Pará e do Maranhão. O custo da casa fica entre R$ 9 mil e R$ 11 mil, sem a montagem.

“A gente bolou um sistema de ventilação forçada, uma tecnologia simples, para que a casa possa ser vedada em casos de furacão. Para proteger a residência de terremotos, a gente usou pneus velhos, suporte de aço e tijolos solo cimento para fazer o amortecimento dos pilotis”, explica o presidente da EUBRA, Robson Oliveira.

Detalhe do sistema de amortecimento da casa

Detalhe do sistema de amortecimento da casa

Móveis utilitários também são feitos com sobras de madeiras. A tecnologia de iluminação LED abastecida por energia eólica e solar, usada nas luminárias de rua, é proveniente da China e será transferida para o Brasil e o Haiti. O projeto prevê que as comunidades brasileiras e haitianas envolvidas sejam beneficiadas pelo projeto através de formação técnica, geração de emprego e renda e, portanto, melhor qualidade de vida.

O Fórum Urbano Mundial foi estabelecido pelas Nações Unidas para analisar um dos problemas mais urgentes que o mundo enfrenta hoje: a rápida urbanização e seu impacto nas comunidades, cidades, economias, mudanças climáticas e políticas. O tema central deste ano é “O Direito à Vida: Unindo o Urbano Dividido”. As discussões são divididas em seis eixos: Levando Adiante o Direito à Cidade; Unindo o urbano Dividido; Acesso Igualitário à Moradia; Diversidade Cultural nas cidades; Governança e Participação; e urbanização sustentável e inclusiva.


Casa sustentável projetada por estudantes brasileiros concorre na Espanha

Categorias: ARQUITETURA E URBANISMO, DECORACÃO E JARDINAGEM, SUSTENTABILIDADE, ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Fachada da Casa Solar Flex, criada por estudantes de seis  universidades brasileiras (Foto: Divulgação)

Fachada da Casa Solar Flex, criada por estudantes de seis universidades brasileiras (Foto: Divulgação)

Rio de Janeiro - As portas da casa podem ser deslocadas por toda a fachada, para serem posicionadas de acordo com a incidência do sol. Persianas especiais são instaladas nas janelas para permitir a entrada de luz sem deixar que o calor passe para os ambientes. Tudo é flexível para aproveitar ao máximo a energia solar. Foi partindo desse conceito que estudantes brasileiros de seis universidades criaram, juntos, a Casa Solar Flex. O projeto participará da competição internacional Solar Decathlon Europe (SDE), que acontecerá em junho deste ano, em Madri, na Espanha. A casa foi toda planejada para ser energeticamente sustentável e, depois de transportada até a capital espanhola em contêineres, será construída em apenas sete dias.

“A gente mandou uma proposta no início de 2008. A ideia era, além de investir em tecnologias sustentáveis, mudar os hábitos dos moradores. A partir daí, começamos a desenvolver o projeto. A casa foi construída para um casal, mas pode servir de residência temporária e até de hotel”, diz José Ripper Kos, coordenador da parte de arquitetura do projeto.

Varanda  da Casa Solar Flex, criada por estudantes de seis universidades  brasileiras

Varanda da Casa Solar Flex, criada por estudantes de seis universidades brasileiras

Com 70 metros quadrados de área construída, a casa, feita de material pré-fabricado, tem sala de estar, dormitório, cozinha e área externa. No centro da residência, há uma tela para mostrar ao morador todo o funcionamento dos ambientes. Através de um sistema de automação, painéis fotovoltaicos da fachada são acionados de acordo com o posicionamento do sol para aproveitar ao máximo a energia solar. Além disso, informações sobre a meteorologia ficam disponíveis para que o morador possa controlar a entrada de luz nos ambientes.

Soluções como captação de água da chuva, espaço para armazenamento de resíduos e fundações superficiais tornam a casa autônoma e reduzem a praticamente zero seu impacto no meio-ambiente. O que possibilita que ela seja instalada nos locais mais remotos, desprovidos de infraestrutura. E é por isso que, de acordo com José Ripper, o grupo de estudantes responsável pelo desenvolvimento do projeto pretende, através de subvenção do governo, atender regiões no Brasil que não tenham energia elétrica.

Casa  Solar Flex, projeto de alunos de seis universidade brasileiras

Casa Solar Flex, projeto de alunos de seis universidade brasileiras

“Esta casa foi planejada para se adaptar ao clima espanhol, o que pode encarecer o custo de sua construção. Mas, com algumas adaptações e auxílio de programas do governo, podemos reduzir os gastos da casa, torná-la economicamente viável às populações de lugares onde a energia elétrica é parca ou inexistente”, adianta o arquiteto.

O grupo, chamado de Consórcio Brasil, é composto por alunos das universidades federais do Rio (UFRJ), Minas Gerais (UFMG), Santa Catarina (UFCS) e Rio Grande do Sul (UFRGS), além das estaduais de Campinas (Unicamp) e São Paulo (USP). Para montar o projeto ideal, o consórcio fez um concurso interno, em que estudantes das seis universidades entregaram seus próprios projetos. O júri foi composto por professores de todas as universidades e da Politécnica de Madri.

Esta é a primeira vez que o Brasil participa do evento. Durante a competição, estudantes de Madri ocuparão as casas participantes do evento para desempenhar atividades diárias da casa. A partir daí, será escolhido o vencedor.




Casas construídas com plástico reciclado