quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Lanchonete deve indenizar gerente que ficou obeso
Estadão, Qui, 28 Out, 03h17
A empresa responsável pela franquia da rede McDonald´s foi condenada, pela 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), do Rio Grande do Sul, a indenizar por danos morais um ex-gerente que engordou mais de 30 quilos durante os 12 anos em que trabalhou para a empresa.
Por maioria de votos, os desembargadores confirmaram parcialmente a sentença do primeiro grau, reduzindo apenas o valor da indenização, de R$ 48 mil para R$ 30 mil. Segundo o processo, o ex-gerente ingressou no emprego pesando entre 70 e 75 quilos e saiu com 105 quilos. No entendimento da 3ª Turma a empresa contribuiu para que o autor chegasse ao quadro de "Obesidade 2", lhe trazendo problemas de saúde.
Conforme o Desembargador João Ghisleni Filho, relator do acórdão, as provas indicaram que o ex-gerente era obrigado a degustar produtos da lanchonete - alimentos reconhecidamente calóricos, como hambúrguer, batata frita, refrigerante e sorvetes. Além disso, no horário de intervalo, a empresa fornecia um lanche composto de hambúrguer, batatas fritas e refrigerante.
A empresa responsável pela franquia da rede McDonald´s foi condenada, pela 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), do Rio Grande do Sul, a indenizar por danos morais um ex-gerente que engordou mais de 30 quilos durante os 12 anos em que trabalhou para a empresa.
Por maioria de votos, os desembargadores confirmaram parcialmente a sentença do primeiro grau, reduzindo apenas o valor da indenização, de R$ 48 mil para R$ 30 mil. Segundo o processo, o ex-gerente ingressou no emprego pesando entre 70 e 75 quilos e saiu com 105 quilos. No entendimento da 3ª Turma a empresa contribuiu para que o autor chegasse ao quadro de "Obesidade 2", lhe trazendo problemas de saúde.
Conforme o Desembargador João Ghisleni Filho, relator do acórdão, as provas indicaram que o ex-gerente era obrigado a degustar produtos da lanchonete - alimentos reconhecidamente calóricos, como hambúrguer, batata frita, refrigerante e sorvetes. Além disso, no horário de intervalo, a empresa fornecia um lanche composto de hambúrguer, batatas fritas e refrigerante.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Presidente ou Presidenta?
Enviado por Andréa Goulart, em 26/10/2010
O Dicionário Aurélio ensina que o feminino de presidente é presidenta. É isso mesmo, com o “a” no final. Talvez seja um pouco estranho ao ouvido por falta de costume. Sobre o assunto o Prof. Hélio Consolaro explica:
A predominância do masculino na língua reflete o machismo. Se houver numa sala 39 mulheres e um homem, o orador deverá usar o masculino na sua invocação: prezados senhores… No máximo, falará: prezadas senhoras e prezado senhor. Ofenderia o macho presente se o orador generalizar pelo feminino e dissesse apenas: prezadas senhoras.Assim, em passado recente, não havia feminino de presidente e nem de hóspede. Agora, depois da luta das mulheres na sociedade, os dicionários já registram e a gramática aceita os femininos: presidenta, hóspeda.
Por que isso não acontece na hierarquia da Polícia Militar? Na entrevista da Folha, edição de 1.º/6, Katia Damasceno Sabino foi tratada por soldado, nada de soldada.
Nenhum dicionário registra o feminino “soldada” e tampouco “sargenta”, apenas Luiz Antonio Sacconi em sua “Nossa Gramática – Teoria e Prática”, Editora Atual, admite tais flexões.
Na verdade, a Polícia Militar, com a presença da mulher em suas fileiras, mantém a estrutura machista, segura a feminização das patentes na divulgação de seus documentos oficiais. E gramáticos e jornalistas concordam com isso.Não se sabe como as soldadas se sentem sendo tratadas como homens, mas há mulheres que escrevem versos e não gostam de ser chamadas de poetisas, querem ser tratadas de poetas, acham que o feminino as desvaloriza. Isso também é machismo, e pior, machismo do feminino. Talvez seja apenas preocupação de um professor de Português e os soldados femininos estejam gostando desse tratamento.
A palavra presidente é um empréstimo de praesidens/entis , particípio presente de praesidere "sentar adiante" (e daí vários sentidos figurados). Os particípios presentes podem ter função de substantivo ou de adjetivo, mas em todo caso não possuem flexão de gênero. Porém se vê que desde o latim vulgar há uma tendência a fazer passar adjetivos da segunda (que distingue masculino e feminino dum lado e neutro doutro) e de terceira classes à primeira. Tardiamente isto aconteceu com o sufixo -ês, que vem de -ensis (m. e f.)/-ense (n.): no português antigo ainda lhe faltava a flexão de gênero, mas no fim do período ganhou um feminino: -esa. Quem sabe no século XIV também houvesse sensibilidades que se molestavam com se dizer uma mulher portuguesa, mas no século seguinte esquisito devia ser dizer uma mulher português. Legal mesmo é que em sardo "um homem inglês" é unu òmine ingresu!
Acho que o melhor é não sofrer... afinal, ninguém tem controle sobre isto: a mudança que todas as línguas naturais vivas sofrem. A propósito, em espanhol la presidenta é o normal.
O Dicionário Aurélio ensina que o feminino de presidente é presidenta. É isso mesmo, com o “a” no final. Talvez seja um pouco estranho ao ouvido por falta de costume. Sobre o assunto o Prof. Hélio Consolaro explica:
A predominância do masculino na língua reflete o machismo. Se houver numa sala 39 mulheres e um homem, o orador deverá usar o masculino na sua invocação: prezados senhores… No máximo, falará: prezadas senhoras e prezado senhor. Ofenderia o macho presente se o orador generalizar pelo feminino e dissesse apenas: prezadas senhoras.Assim, em passado recente, não havia feminino de presidente e nem de hóspede. Agora, depois da luta das mulheres na sociedade, os dicionários já registram e a gramática aceita os femininos: presidenta, hóspeda.
Por que isso não acontece na hierarquia da Polícia Militar? Na entrevista da Folha, edição de 1.º/6, Katia Damasceno Sabino foi tratada por soldado, nada de soldada.
Nenhum dicionário registra o feminino “soldada” e tampouco “sargenta”, apenas Luiz Antonio Sacconi em sua “Nossa Gramática – Teoria e Prática”, Editora Atual, admite tais flexões.
Na verdade, a Polícia Militar, com a presença da mulher em suas fileiras, mantém a estrutura machista, segura a feminização das patentes na divulgação de seus documentos oficiais. E gramáticos e jornalistas concordam com isso.Não se sabe como as soldadas se sentem sendo tratadas como homens, mas há mulheres que escrevem versos e não gostam de ser chamadas de poetisas, querem ser tratadas de poetas, acham que o feminino as desvaloriza. Isso também é machismo, e pior, machismo do feminino. Talvez seja apenas preocupação de um professor de Português e os soldados femininos estejam gostando desse tratamento.
A palavra presidente é um empréstimo de praesidens/entis , particípio presente de praesidere "sentar adiante" (e daí vários sentidos figurados). Os particípios presentes podem ter função de substantivo ou de adjetivo, mas em todo caso não possuem flexão de gênero. Porém se vê que desde o latim vulgar há uma tendência a fazer passar adjetivos da segunda (que distingue masculino e feminino dum lado e neutro doutro) e de terceira classes à primeira. Tardiamente isto aconteceu com o sufixo -ês, que vem de -ensis (m. e f.)/-ense (n.): no português antigo ainda lhe faltava a flexão de gênero, mas no fim do período ganhou um feminino: -esa. Quem sabe no século XIV também houvesse sensibilidades que se molestavam com se dizer uma mulher portuguesa, mas no século seguinte esquisito devia ser dizer uma mulher português. Legal mesmo é que em sardo "um homem inglês" é unu òmine ingresu!
Acho que o melhor é não sofrer... afinal, ninguém tem controle sobre isto: a mudança que todas as línguas naturais vivas sofrem. A propósito, em espanhol la presidenta é o normal.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Jornalista mostra que promessas de Serra são impraticáveis e contraditórias
André Siqueira, sub-editor de Economia da Carta Capital, fez as contas e mostra que Serra não tem como cumprir as promessas de elevar o salário mínimo para 600 reais, instituir 13° para o Bolsa Família e reajustar em 10% as aposentadorias. Ele teria que rasgar a cartilha de gestão pública do PSDB e nem assim conseguiria. Mesmo fazendo um corte drástico de 30% nos gastos federais, Serra só conseguiria metade do dinheiro necessário para cumprir suas promessas.“E ele continua a criticar o endividamento público. Ao mesmo tempo em que promete elevar gastos sociais, ampliar investimentos e cortar impostos. Como, José?”, indaga Siqueira.
Redação
O jornalista André Siqueira, sub-editor de Economia da revista Carta Capital, decidiu fazer algumas contas e demonstrou objetivamente que o candidato à presidência da República do PSDB, José Serra, não tem como cumprir uma série de promessas que vem fazendo na campanha eleitoral. Em primeiro lugar, Serra teria que rasgar a cartilha de gestão pública de seu partido, que critica os gastos públicos do governo Lula. E nem assim o tucano conseguiria elevar o salário mínimo para 600 reais, instituir um 13° pagamento para o Bolsa Família ou reajustar em 10% as aposentadorias. “É de causar espanto a falta de olhar crítico da mídia para as promessas do candidato José Serra, impraticáveis diante dos paradigmas de gestão tucanos”, escreve Siqueira. Trata-se de um devaneio do candidato, acrescenta.
Vamos aos números analisados por André Siqueira:
“Consta no Orçamento de 2011 a proposta de elevar o salário mínimo para 538,14 reais. Serra propõe desembolsar 61,86 reais a mais por assalariado, para atingir os 600 reais. Apenas essa promessa de campanha custaria, portanto, 12,3 bilhões de reais. O montante é próximo ao orçamento total do programa Bolsa Família, atualmente em 13,7 bilhões de reais. Aliás, criar uma parcela a mais para o programa acrescentaria 1,14 bilhão de reais ao cálculo – em valores correntes. Finalmente, há o reajuste dos benefícios da Seguridade Social. Nesse caso, apelo ao cálculo do economista do Ipea, Marcelo Caetano, que avaliou em 6,2 bilhões de reais o esforço adicional exigido pelo presente oferecido pelo tucano aos aposentados e pensionistas”.
No total, assinala o jornalista da Carta Capital, as promessas de Serra custariam cerca de 19,6 bilhões de reais aos cofres públicos. André Siqueira consultou, então, o especialista em contas públicas, Amir Khair, ex-secretário de Finanças de São Paulo, para indagar sobre a viabilidade das promessas de Serra, que batem de frente, sempre é bom lembrar, com as críticas que o próprio candidato e seu partido fazem ao que consideram ser “excesso de gastos” do governo Lula. Em primeiro lugar, Khair lembra que o gasto federal corresponde a uma parcela de 43% dos desembolsos totais do setor público. O restante fica a cargo das prefeituras e estados. Em segundo, assinala, cerca de 80% do orçamento federal está legalmente engessado com salários e outras obrigações constitucionais.
Considerando a pouca margem de manobra que resta ao Executivo, Khair imagina que um “choque de gestão”, - a receita preferida do PSDB – permitiria um corte de aproximadamente 30%. Seria um “sacrifício extraordinário”, diz o economista, e equivaleria a 2,58% do gasto público nacional, algo em torno de 9,9 bilhões de reais. Ou seja, mesmo se fizesse isso, Serra estaria conseguindo apenas a metade dos recursos necessários para cumprir suas promessas de aumentar o salário mínimo para 600 reais, de reajustar em 10% as aposentadorias e de conceder um 13° pagamento ao Bolsa Família. “E ele continua a criticar o endividamento público. Ao mesmo tempo em que promete elevar gastos sociais, ampliar investimentos e cortar impostos. Como, José?”, indaga o jornalista.
Boletim Carta Maior - 20 de Outubro de 2010
Colaboração: Cristina Sales
Redação
O jornalista André Siqueira, sub-editor de Economia da revista Carta Capital, decidiu fazer algumas contas e demonstrou objetivamente que o candidato à presidência da República do PSDB, José Serra, não tem como cumprir uma série de promessas que vem fazendo na campanha eleitoral. Em primeiro lugar, Serra teria que rasgar a cartilha de gestão pública de seu partido, que critica os gastos públicos do governo Lula. E nem assim o tucano conseguiria elevar o salário mínimo para 600 reais, instituir um 13° pagamento para o Bolsa Família ou reajustar em 10% as aposentadorias. “É de causar espanto a falta de olhar crítico da mídia para as promessas do candidato José Serra, impraticáveis diante dos paradigmas de gestão tucanos”, escreve Siqueira. Trata-se de um devaneio do candidato, acrescenta.
Vamos aos números analisados por André Siqueira:
“Consta no Orçamento de 2011 a proposta de elevar o salário mínimo para 538,14 reais. Serra propõe desembolsar 61,86 reais a mais por assalariado, para atingir os 600 reais. Apenas essa promessa de campanha custaria, portanto, 12,3 bilhões de reais. O montante é próximo ao orçamento total do programa Bolsa Família, atualmente em 13,7 bilhões de reais. Aliás, criar uma parcela a mais para o programa acrescentaria 1,14 bilhão de reais ao cálculo – em valores correntes. Finalmente, há o reajuste dos benefícios da Seguridade Social. Nesse caso, apelo ao cálculo do economista do Ipea, Marcelo Caetano, que avaliou em 6,2 bilhões de reais o esforço adicional exigido pelo presente oferecido pelo tucano aos aposentados e pensionistas”.
No total, assinala o jornalista da Carta Capital, as promessas de Serra custariam cerca de 19,6 bilhões de reais aos cofres públicos. André Siqueira consultou, então, o especialista em contas públicas, Amir Khair, ex-secretário de Finanças de São Paulo, para indagar sobre a viabilidade das promessas de Serra, que batem de frente, sempre é bom lembrar, com as críticas que o próprio candidato e seu partido fazem ao que consideram ser “excesso de gastos” do governo Lula. Em primeiro lugar, Khair lembra que o gasto federal corresponde a uma parcela de 43% dos desembolsos totais do setor público. O restante fica a cargo das prefeituras e estados. Em segundo, assinala, cerca de 80% do orçamento federal está legalmente engessado com salários e outras obrigações constitucionais.
Considerando a pouca margem de manobra que resta ao Executivo, Khair imagina que um “choque de gestão”, - a receita preferida do PSDB – permitiria um corte de aproximadamente 30%. Seria um “sacrifício extraordinário”, diz o economista, e equivaleria a 2,58% do gasto público nacional, algo em torno de 9,9 bilhões de reais. Ou seja, mesmo se fizesse isso, Serra estaria conseguindo apenas a metade dos recursos necessários para cumprir suas promessas de aumentar o salário mínimo para 600 reais, de reajustar em 10% as aposentadorias e de conceder um 13° pagamento ao Bolsa Família. “E ele continua a criticar o endividamento público. Ao mesmo tempo em que promete elevar gastos sociais, ampliar investimentos e cortar impostos. Como, José?”, indaga o jornalista.
Boletim Carta Maior - 20 de Outubro de 2010
Colaboração: Cristina Sales
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Professores e Pesquisadores de Filosofia Apoiam Dilma Rousseff para a Presidência da República
Professores e Pesquisadores de Filosofia Apoiam Dilma Rousseff para a Presidência da República
Fonte, https://sites.google.com/site/manifestofilosofosprodilma/
Professores e pesquisadores de Filosofia, abaixo assinados, manifestamos nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Seguem-se nossas razões.
Os valores de nossa Constituição exigem compromisso e responsabilidade por parte dos representantes políticos e dos intelectuais
Nesta semana completam-se vinte e dois anos de promulgação da Constituição Federal. Embora marcada por contradições de uma sociedade que recém começava a acordar da longa noite do arbítrio, ela logrou afirmar valores que animam sonhos generosos com o futuro de nosso país. Entre os objetivos da República Federativa do Brasil estão “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir o desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
A vitalidade de nossa República depende do efetivo compromisso com tais objetivos, para além da mera adesão verbal. Por parte de nossos representantes, ele deve traduzir-se em projetos claros e ações efetivas, sujeitos à responsabilização política pelos cidadãos. Dos intelectuais, espera-se o exame racionalmente responsável desses projetos e ações.
Os oito anos de governo Lula constituíram um formidável movimento na direção desses objetivos. Reconheça-se o papel do governo anterior na conquista de relativa estabilidade econômica. Ao atual governo, porém, deve-se tributar o feito inédito de conciliar crescimento da economia, controle da inflação e significativo desenvolvimento social. Nesses oito anos, a pobreza foi reduzida em mais de 40%; mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe média; a desigualdade de renda sofreu uma queda palpável. Não se tratou de um efeito natural e inevitável da estabilidade econômica. Trata-se do resultado de políticas públicas resolutamente implementadas pelo atual governo – as quais não se limitam ao Bolsa Família, mas têm nesse programa seu carro-chefe.
Tais políticas assinalam o compromisso do governo Lula com a realização dos objetivos de nossa República. Como ministra, Dilma Rousseff exerceu um papel central no sucesso dessa gestão. Cremos que sua chegada à Presidência representará a continuidade, aprofundamento e aperfeiçoamento do combate à pobreza e à desigualdade que marcou os últimos oito anos.
Há razões para duvidar que um eventual governo José Serra ofereça os mesmos prospectos. É notório o desprezo com que os programas sociais do atual governo – em particular o Bolsa Família – foram inicialmente recebidos pelos atores da coligação que sustenta o candidato. Frente ao sucesso de tais programas, José Serra vem agora verbalizar sua adesão a eles, quando não arroga para si sua primeira concepção. Não tendo ainda, passado o primeiro turno, apresentado um programa de governo, ele nos lança toda sorte de promessas – algumas das quais em franco contraste com sua gestão como governador de São Paulo – sem esclarecer como concretizá-las. O caráter errático de sua campanha justifica ceticismo quanto à consistência de seus compromissos. Seu discurso pautado por conveniências eleitorais indica aversão à responsabilidade que se espera de nossos representantes. Ironicamente, os intelectuais associados ao seu projeto político costumam tachar o governo Lula e a candidatura Dilma de populistas.
O compromisso com a inclusão social é um compromisso com a democracia
A despeito da súbita conversão da oposição às políticas sociais do atual governo, ainda ecoam entre nós os chavões disseminados por ela sobre os programas de transferência de renda implementados nos últimos anos: eles consistiriam em mera esmola assistencialista desprovida de mecanismos que possibilitem a autonomia de seus beneficiários; mais grave, constituiriam instrumento de controle populista sobre as massas pobres, visando à perpetuação no poder do PT e de seus aliados. Tais chavões repousam sobre um equívoco de direito e de fato.
A história da democracia, desde seus primeiros momentos na pólis ateniense, é a história da progressiva incorporação à comunidade política dos que outrora se viam destituídos de voz nos processos decisórios coletivos. Que tal incorporação se mostre efetiva pressupõe que os cidadãos disponham das condições materiais básicas para seu reconhecimento como tais. A cidadania exige o que Kant caracterizou como independência: o cidadão deve ser “seu próprio senhor (sui iuris)”, por conseguinte possuir “alguma propriedade (e qualquer habilidade, ofício, arte ou ciência pode contar como propriedade) que lhe possibilite o sustento”. Nossa Constituição vai ao encontro dessa exigência ao reservar um capítulo aos direitos sociais.
Os programas de transferência de renda implementados pelo governo não apenas ajudaram a proteger o país da crise econômica mundial – por induzirem o crescimento do mercado interno –, mas fortaleceram nossa democracia ao criar bases concretas para a cidadania de milhões de brasileiros. Se atentarmos ao seu formato institucional, veremos que eles proporcionam condições para a progressiva autonomia de seus beneficiários, ao invés de prendê-los em um círculo de dependência. Que mulheres e homens beneficiados por tais programas confiram seus votos às forças que lutaram por implementá-los não deve surpreender ninguém – trata-se, afinal, da lógica mesma da governança democrática. Senhoras e senhores de seu destino, porém, sua relação com tais forças será propriamente política, não mais a subserviência em que os confinavam as oligarquias.
As liberdades públicas devem ser protegidas, em particular de seus paladinos de ocasião
Nos últimos oito anos – mas especialmente neste ano eleitoral – assistiu-se à reiterada acusação, por parte de alguns intelectuais e da grande imprensa, de que o presidente Lula e seu governo atentam contra as liberdades públicas. É verdade que não há governo cujos quadros estejam inteiramente imunes às tentações do abuso de poder; é justamente esse fato que informa o desenvolvimento dos sistemas de freios e contrapesos do moderno Estado de Direito. Todavia, à parte episódios singulares – seguidos das sanções e reparos cabíveis –, um olhar sóbrio sobre o nosso país não terá dificuldade em ver que o governo tem zelado pelas garantias fundamentais previstas na Constituição e respeitado a independência das instituições encarregadas de protegê-las, como o Ministério Público, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal.
Diante disso, foi com desgosto e preocupação que vimos personalidades e intelectuais ilustres de nosso país assinarem, há duas semanas, um autointitulado “Manifesto em Defesa da Democracia”, em que acusam o governo de tramas para “solapar o regime democrático”. À conveniência da candidatura oposicionista, inventam uma nova regra de conduta presidencial: o Presidente da República deve abster-se, em qualquer contexto, de fazer política ou apoiar candidaturas. Ironicamente, observada tal regra seria impossível a reeleição para o executivo federal – instituto criado durante o governo anterior, não sem sombra de casuísmo, em circunstâncias que não mereceram o alarme da maioria de seus signatários.
Grandes veículos de comunicação sistematicamente alardeiam que o governo Lula e a candidatura Dilma representam uma ameaça à liberdade de imprensa, enquanto se notabilizam por uma cobertura militante e nem sempre responsável da atual campanha presidencial. As críticas do Presidente à grande imprensa não exigem adesão, mas tampouco atentam contra o regime democrático, em que o Presidente goza dos mesmos direitos de todo cidadão, na forma da lei. Propostas de aperfeiçoamento dos marcos legais do setor devem ser examinadas com racionalidade, a exemplo do que tem acontecido em países como a França e a Inglaterra.
Se durante a campanha do primeiro turno houve um episódio a ameaçar a liberdade de imprensa no Brasil, terá sido o estranho requerimento da Dra. Sandra Cureau, vice-procuradora-geral Eleitoral, à revista Carta Capital. De efeito intimidativo e duvidoso lastro legal, o episódio não recebeu atenção dos grandes veículos de comunicação do país, tampouco ensejou a mobilização cívica daqueles que, poucos dias antes, publicavam um manifesto contra supostas ameaças do Presidente à democracia brasileira. O zelo pelas liberdades públicas não admite dois pesos e duas medidas. Quando a evocação das garantias fundamentais se vê aliciada pelo vale-tudo eleitoral, a Constituição é rebaixada à mera retórica.
Estamos convictos de que Dilma Rousseff, se eleita, saberá proteger as liberdades públicas. Comprometidos com a defesa dessas liberdades, recomendamos o voto nela.
Em defesa do Estado laico e do respeito à diversidade de orientações espirituais, contra a instrumentalização política do discurso religioso
A Constituição Federal é suficientemente clara na afirmação do caráter laico do Estado brasileiro. É garantida aos cidadãos brasileiros a liberdade de crença e consciência, não se admitindo que identidades religiosas se imponham como condição do exercício de direitos e do respeito à dignidade fundamental de cada um. Isso não significa que a religiosidade deva ser excluída da cena pública; exige, porém, intransigência com os que pregam o ódio e a intolerância em nome de uma orientação espiritual particular.
É, pois, com preocupação que testemunhamos a instrumentalização do discurso religioso na presente corrida presidencial. Em particular, deploramos a guarida de templos ao proselitismo a favor ou contra esta ou aquela candidatura – em clara afronta à legislação eleitoral. Dilma Rousseff, em particular, tem sido alvo de campanha difamatória baseada em ilações sobre suas convicções espirituais e na deliberada distorção das posições do atual governo sobre o aborto e a liberdade de manifestação religiosa. Conclamamos ambos os candidatos ora em disputa a não cederem às intimidações dos intolerantes. Temos confiança de que um eventual governo Dilma Rousseff preservará o caráter laico do Estado brasileiro e conduzirá adequadamente a discussão de temas que, embora sensíveis a religiosidades particulares, são de notório interesse público.
O compromisso com a expansão e qualificação da universidade é condição da construção de um país próspero, justo e com desenvolvimento sustentável
É incontroverso que a prosperidade de um país se deixa medir pela qualidade e pelo grau de universalização da educação de suas crianças e de seus jovens. O Brasil tem muito por fazer nesse sentido, uma tarefa de gerações. O atual governo tem dado passos na direção certa. Programas de transferência de renda condicionam benefícios a famílias à manutenção de suas crianças na escola, diminuindo a evasão no ensino fundamental. A criação e ampliação de escolas técnicas e institutos federais têm proporcionado o aumento de vagas públicas no ensino médio. Programas como o PRODOCENCIA e o PARFOR atendem à capacitação de professores em ambos os níveis.
Em poucas áreas da governança o contraste entre a administração atual e a anterior é tão flagrante quanto nas políticas para o ensino superior e a pesquisa científica e tecnológica associadas. Durante os oito anos do governo anterior, não se criou uma nova universidade federal sequer; os equipamentos das universidades federais viram-se em vergonhosa penúria; as verbas de pesquisa estiveram constantemente à mercê de contingenciamentos; o arrocho salarial, aliado à falta de perspectivas e reconhecimento, favoreceu a aposentadoria precoce de inúmeros docentes, sem a realização de concursos públicos para a reposição satisfatória de professores. O consórcio partidário que cerca a candidatura José Serra – o mesmo que deu guarida ao governo anterior – deve explicar por que e como não reeditará essa situação.
O atual governo tem agido não apenas para a recuperação do ensino superior e da pesquisa universitária, após anos de sucateamento, como tem implementado políticas para sua expansão e qualificação – com resultados já reconhecidos pela comunidade científica internacional. O PROUNI – atacado por um dos partidos da coligação de José Serra – possibilitou o acesso à universidade para mais de 700.000 brasileiros de baixa renda. Através do REUNI, as universidades federais têm assistido a um grande crescimento na infraestrutura e na contratação, mediante concurso público, de docentes qualificados. Programas de fomento, levados a cabo pelo CNPq e pela CAPES, têm proporcionado um sensível aumento da pesquisa em ciência e tecnologia, premissa central para o desenvolvimento do país. Foram criadas 14 novas universidades federais, testemunhando-se a interiorização do ensino superior no Brasil, levando o conhecimento às regiões mais pobres, menos desenvolvidas e mais necessitadas de apoio do Estado.
Ademais, deve-se frisar que não há possibilidade de desenvolvimento sustentável e preservação de nossa biodiversidade – temas cujo protagonismo na atual campanha deve-se à contribuição de Marina Silva – sem investimentos pesados em ciência e tecnologia. Não se pode esperar que a iniciativa privada satisfaça inteiramente essa demanda. O papel do Estado como indutor da pesquisa científica é indispensável, exigindo um compromisso que se traduza em políticas públicas concretas. A ausência de projetos claros e consistentes da candidatura oposicionista, a par do lamentável retrospecto do governo anterior nessa área, motiva receios quanto ao futuro do ensino superior e do conhecimento científico no Brasil – e, com eles, da proteção de nosso meio-ambiente – no caso da vitória de José Serra. A perspectiva de continuidade e aperfeiçoamento das políticas do governo Lula para o ensino e a pesquisa universitários motiva nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff.
Por essas razões, apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Para o povo brasileiro continuar em sua jornada de reencontro consigo mesmo. Para o Brasil continuar mudando!
06 de outubro de 2010
Professores(as) e pesquisadores(as) DE FILOSOFIA interessados em assinar o manifesto, favor enviar email com nome completo, vínculo institucional e demais informações que acharem relevantes para o endereço: manifestoprodilma@gmail.com. Para conferir a lista de signatários acesse o link "assinaturas" na barra lateral. Para os demais interessados, favor conferir: http://www.petitiononline.com/prodilma/petition.html
Fonte, https://sites.google.com/site/manifestofilosofosprodilma/
Professores e pesquisadores de Filosofia, abaixo assinados, manifestamos nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Seguem-se nossas razões.
Os valores de nossa Constituição exigem compromisso e responsabilidade por parte dos representantes políticos e dos intelectuais
Nesta semana completam-se vinte e dois anos de promulgação da Constituição Federal. Embora marcada por contradições de uma sociedade que recém começava a acordar da longa noite do arbítrio, ela logrou afirmar valores que animam sonhos generosos com o futuro de nosso país. Entre os objetivos da República Federativa do Brasil estão “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir o desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
A vitalidade de nossa República depende do efetivo compromisso com tais objetivos, para além da mera adesão verbal. Por parte de nossos representantes, ele deve traduzir-se em projetos claros e ações efetivas, sujeitos à responsabilização política pelos cidadãos. Dos intelectuais, espera-se o exame racionalmente responsável desses projetos e ações.
Os oito anos de governo Lula constituíram um formidável movimento na direção desses objetivos. Reconheça-se o papel do governo anterior na conquista de relativa estabilidade econômica. Ao atual governo, porém, deve-se tributar o feito inédito de conciliar crescimento da economia, controle da inflação e significativo desenvolvimento social. Nesses oito anos, a pobreza foi reduzida em mais de 40%; mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe média; a desigualdade de renda sofreu uma queda palpável. Não se tratou de um efeito natural e inevitável da estabilidade econômica. Trata-se do resultado de políticas públicas resolutamente implementadas pelo atual governo – as quais não se limitam ao Bolsa Família, mas têm nesse programa seu carro-chefe.
Tais políticas assinalam o compromisso do governo Lula com a realização dos objetivos de nossa República. Como ministra, Dilma Rousseff exerceu um papel central no sucesso dessa gestão. Cremos que sua chegada à Presidência representará a continuidade, aprofundamento e aperfeiçoamento do combate à pobreza e à desigualdade que marcou os últimos oito anos.
Há razões para duvidar que um eventual governo José Serra ofereça os mesmos prospectos. É notório o desprezo com que os programas sociais do atual governo – em particular o Bolsa Família – foram inicialmente recebidos pelos atores da coligação que sustenta o candidato. Frente ao sucesso de tais programas, José Serra vem agora verbalizar sua adesão a eles, quando não arroga para si sua primeira concepção. Não tendo ainda, passado o primeiro turno, apresentado um programa de governo, ele nos lança toda sorte de promessas – algumas das quais em franco contraste com sua gestão como governador de São Paulo – sem esclarecer como concretizá-las. O caráter errático de sua campanha justifica ceticismo quanto à consistência de seus compromissos. Seu discurso pautado por conveniências eleitorais indica aversão à responsabilidade que se espera de nossos representantes. Ironicamente, os intelectuais associados ao seu projeto político costumam tachar o governo Lula e a candidatura Dilma de populistas.
O compromisso com a inclusão social é um compromisso com a democracia
A despeito da súbita conversão da oposição às políticas sociais do atual governo, ainda ecoam entre nós os chavões disseminados por ela sobre os programas de transferência de renda implementados nos últimos anos: eles consistiriam em mera esmola assistencialista desprovida de mecanismos que possibilitem a autonomia de seus beneficiários; mais grave, constituiriam instrumento de controle populista sobre as massas pobres, visando à perpetuação no poder do PT e de seus aliados. Tais chavões repousam sobre um equívoco de direito e de fato.
A história da democracia, desde seus primeiros momentos na pólis ateniense, é a história da progressiva incorporação à comunidade política dos que outrora se viam destituídos de voz nos processos decisórios coletivos. Que tal incorporação se mostre efetiva pressupõe que os cidadãos disponham das condições materiais básicas para seu reconhecimento como tais. A cidadania exige o que Kant caracterizou como independência: o cidadão deve ser “seu próprio senhor (sui iuris)”, por conseguinte possuir “alguma propriedade (e qualquer habilidade, ofício, arte ou ciência pode contar como propriedade) que lhe possibilite o sustento”. Nossa Constituição vai ao encontro dessa exigência ao reservar um capítulo aos direitos sociais.
Os programas de transferência de renda implementados pelo governo não apenas ajudaram a proteger o país da crise econômica mundial – por induzirem o crescimento do mercado interno –, mas fortaleceram nossa democracia ao criar bases concretas para a cidadania de milhões de brasileiros. Se atentarmos ao seu formato institucional, veremos que eles proporcionam condições para a progressiva autonomia de seus beneficiários, ao invés de prendê-los em um círculo de dependência. Que mulheres e homens beneficiados por tais programas confiram seus votos às forças que lutaram por implementá-los não deve surpreender ninguém – trata-se, afinal, da lógica mesma da governança democrática. Senhoras e senhores de seu destino, porém, sua relação com tais forças será propriamente política, não mais a subserviência em que os confinavam as oligarquias.
As liberdades públicas devem ser protegidas, em particular de seus paladinos de ocasião
Nos últimos oito anos – mas especialmente neste ano eleitoral – assistiu-se à reiterada acusação, por parte de alguns intelectuais e da grande imprensa, de que o presidente Lula e seu governo atentam contra as liberdades públicas. É verdade que não há governo cujos quadros estejam inteiramente imunes às tentações do abuso de poder; é justamente esse fato que informa o desenvolvimento dos sistemas de freios e contrapesos do moderno Estado de Direito. Todavia, à parte episódios singulares – seguidos das sanções e reparos cabíveis –, um olhar sóbrio sobre o nosso país não terá dificuldade em ver que o governo tem zelado pelas garantias fundamentais previstas na Constituição e respeitado a independência das instituições encarregadas de protegê-las, como o Ministério Público, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal.
Diante disso, foi com desgosto e preocupação que vimos personalidades e intelectuais ilustres de nosso país assinarem, há duas semanas, um autointitulado “Manifesto em Defesa da Democracia”, em que acusam o governo de tramas para “solapar o regime democrático”. À conveniência da candidatura oposicionista, inventam uma nova regra de conduta presidencial: o Presidente da República deve abster-se, em qualquer contexto, de fazer política ou apoiar candidaturas. Ironicamente, observada tal regra seria impossível a reeleição para o executivo federal – instituto criado durante o governo anterior, não sem sombra de casuísmo, em circunstâncias que não mereceram o alarme da maioria de seus signatários.
Grandes veículos de comunicação sistematicamente alardeiam que o governo Lula e a candidatura Dilma representam uma ameaça à liberdade de imprensa, enquanto se notabilizam por uma cobertura militante e nem sempre responsável da atual campanha presidencial. As críticas do Presidente à grande imprensa não exigem adesão, mas tampouco atentam contra o regime democrático, em que o Presidente goza dos mesmos direitos de todo cidadão, na forma da lei. Propostas de aperfeiçoamento dos marcos legais do setor devem ser examinadas com racionalidade, a exemplo do que tem acontecido em países como a França e a Inglaterra.
Se durante a campanha do primeiro turno houve um episódio a ameaçar a liberdade de imprensa no Brasil, terá sido o estranho requerimento da Dra. Sandra Cureau, vice-procuradora-geral Eleitoral, à revista Carta Capital. De efeito intimidativo e duvidoso lastro legal, o episódio não recebeu atenção dos grandes veículos de comunicação do país, tampouco ensejou a mobilização cívica daqueles que, poucos dias antes, publicavam um manifesto contra supostas ameaças do Presidente à democracia brasileira. O zelo pelas liberdades públicas não admite dois pesos e duas medidas. Quando a evocação das garantias fundamentais se vê aliciada pelo vale-tudo eleitoral, a Constituição é rebaixada à mera retórica.
Estamos convictos de que Dilma Rousseff, se eleita, saberá proteger as liberdades públicas. Comprometidos com a defesa dessas liberdades, recomendamos o voto nela.
Em defesa do Estado laico e do respeito à diversidade de orientações espirituais, contra a instrumentalização política do discurso religioso
A Constituição Federal é suficientemente clara na afirmação do caráter laico do Estado brasileiro. É garantida aos cidadãos brasileiros a liberdade de crença e consciência, não se admitindo que identidades religiosas se imponham como condição do exercício de direitos e do respeito à dignidade fundamental de cada um. Isso não significa que a religiosidade deva ser excluída da cena pública; exige, porém, intransigência com os que pregam o ódio e a intolerância em nome de uma orientação espiritual particular.
É, pois, com preocupação que testemunhamos a instrumentalização do discurso religioso na presente corrida presidencial. Em particular, deploramos a guarida de templos ao proselitismo a favor ou contra esta ou aquela candidatura – em clara afronta à legislação eleitoral. Dilma Rousseff, em particular, tem sido alvo de campanha difamatória baseada em ilações sobre suas convicções espirituais e na deliberada distorção das posições do atual governo sobre o aborto e a liberdade de manifestação religiosa. Conclamamos ambos os candidatos ora em disputa a não cederem às intimidações dos intolerantes. Temos confiança de que um eventual governo Dilma Rousseff preservará o caráter laico do Estado brasileiro e conduzirá adequadamente a discussão de temas que, embora sensíveis a religiosidades particulares, são de notório interesse público.
O compromisso com a expansão e qualificação da universidade é condição da construção de um país próspero, justo e com desenvolvimento sustentável
É incontroverso que a prosperidade de um país se deixa medir pela qualidade e pelo grau de universalização da educação de suas crianças e de seus jovens. O Brasil tem muito por fazer nesse sentido, uma tarefa de gerações. O atual governo tem dado passos na direção certa. Programas de transferência de renda condicionam benefícios a famílias à manutenção de suas crianças na escola, diminuindo a evasão no ensino fundamental. A criação e ampliação de escolas técnicas e institutos federais têm proporcionado o aumento de vagas públicas no ensino médio. Programas como o PRODOCENCIA e o PARFOR atendem à capacitação de professores em ambos os níveis.
Em poucas áreas da governança o contraste entre a administração atual e a anterior é tão flagrante quanto nas políticas para o ensino superior e a pesquisa científica e tecnológica associadas. Durante os oito anos do governo anterior, não se criou uma nova universidade federal sequer; os equipamentos das universidades federais viram-se em vergonhosa penúria; as verbas de pesquisa estiveram constantemente à mercê de contingenciamentos; o arrocho salarial, aliado à falta de perspectivas e reconhecimento, favoreceu a aposentadoria precoce de inúmeros docentes, sem a realização de concursos públicos para a reposição satisfatória de professores. O consórcio partidário que cerca a candidatura José Serra – o mesmo que deu guarida ao governo anterior – deve explicar por que e como não reeditará essa situação.
O atual governo tem agido não apenas para a recuperação do ensino superior e da pesquisa universitária, após anos de sucateamento, como tem implementado políticas para sua expansão e qualificação – com resultados já reconhecidos pela comunidade científica internacional. O PROUNI – atacado por um dos partidos da coligação de José Serra – possibilitou o acesso à universidade para mais de 700.000 brasileiros de baixa renda. Através do REUNI, as universidades federais têm assistido a um grande crescimento na infraestrutura e na contratação, mediante concurso público, de docentes qualificados. Programas de fomento, levados a cabo pelo CNPq e pela CAPES, têm proporcionado um sensível aumento da pesquisa em ciência e tecnologia, premissa central para o desenvolvimento do país. Foram criadas 14 novas universidades federais, testemunhando-se a interiorização do ensino superior no Brasil, levando o conhecimento às regiões mais pobres, menos desenvolvidas e mais necessitadas de apoio do Estado.
Ademais, deve-se frisar que não há possibilidade de desenvolvimento sustentável e preservação de nossa biodiversidade – temas cujo protagonismo na atual campanha deve-se à contribuição de Marina Silva – sem investimentos pesados em ciência e tecnologia. Não se pode esperar que a iniciativa privada satisfaça inteiramente essa demanda. O papel do Estado como indutor da pesquisa científica é indispensável, exigindo um compromisso que se traduza em políticas públicas concretas. A ausência de projetos claros e consistentes da candidatura oposicionista, a par do lamentável retrospecto do governo anterior nessa área, motiva receios quanto ao futuro do ensino superior e do conhecimento científico no Brasil – e, com eles, da proteção de nosso meio-ambiente – no caso da vitória de José Serra. A perspectiva de continuidade e aperfeiçoamento das políticas do governo Lula para o ensino e a pesquisa universitários motiva nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff.
Por essas razões, apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Para o povo brasileiro continuar em sua jornada de reencontro consigo mesmo. Para o Brasil continuar mudando!
06 de outubro de 2010
Professores(as) e pesquisadores(as) DE FILOSOFIA interessados em assinar o manifesto, favor enviar email com nome completo, vínculo institucional e demais informações que acharem relevantes para o endereço: manifestoprodilma@gmail.com. Para conferir a lista de signatários acesse o link "assinaturas" na barra lateral. Para os demais interessados, favor conferir: http://www.petitiononline.com/prodilma/petition.html
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Mario Vargas Llosa ganha Nobel de Literatura
08/10/2010 - 11h10
Por Redação Agência Fapesp
Agência FAPESP – O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 74 anos, é o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2010. O anúncio foi feito nesta quirta-feira (7/10) pela Svenska Akademien, em Estocolmo.
Segundo a academia sueca, a distinção ao escritor se deve por “sua cartografia das estruturas de poder e por suas imagens agudas sobre a resistência, a revolta e a derrota individual”. O último escritor latino-americano a ganhar o Nobel foi o colombiano Gabriel García Márquez, em 1982.
Llosa recebeu a notícia do Nobel nos Estados Unidos, onde este semestre está como professor visitante no Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Princeton. Segundo o presidente do júri do Nobel de Literatura, Peter Englund, Llosa disse estar “muito comovido e entusiasmado” pela premiação.
O escritor receberá o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,5 milhões), em cerimônia em Estocolmo no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Bernhard Nobel (1833-1896), o inventor da dinamite. Em 1994, o escritor recebeu o Prêmio Cervantes, maior distinção literária em língua espanhola.
Llosa é autor de dezenas de romances, ensaios e peças. Entre seus livros mais conhecidos estão Pantaleão e as Visitadoras (1973), Tia Júlia e o Escrevinhador (1977), Conversa na catedral (1969), O falador (1987) e Lituma nos Andes (1993).
“A premiação de Vargas Llosa é uma grande felicidade para a literatura latino-americana. Ele é responsável pelo grande boom narrativo dos anos 1960, com destaque para Batismo de Fogo (1962), considerado seu romance de estreia, e Casa Verde (1966). Depois disso, provou ter um grande fôlego literário”, disse Jorge Schwartz, professor de Literatura Hispano-Americana do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, à Agência FAPESP.
Por Redação Agência Fapesp
Agência FAPESP – O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 74 anos, é o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2010. O anúncio foi feito nesta quirta-feira (7/10) pela Svenska Akademien, em Estocolmo.
Segundo a academia sueca, a distinção ao escritor se deve por “sua cartografia das estruturas de poder e por suas imagens agudas sobre a resistência, a revolta e a derrota individual”. O último escritor latino-americano a ganhar o Nobel foi o colombiano Gabriel García Márquez, em 1982.
Llosa recebeu a notícia do Nobel nos Estados Unidos, onde este semestre está como professor visitante no Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Princeton. Segundo o presidente do júri do Nobel de Literatura, Peter Englund, Llosa disse estar “muito comovido e entusiasmado” pela premiação.
O escritor receberá o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,5 milhões), em cerimônia em Estocolmo no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Bernhard Nobel (1833-1896), o inventor da dinamite. Em 1994, o escritor recebeu o Prêmio Cervantes, maior distinção literária em língua espanhola.
Llosa é autor de dezenas de romances, ensaios e peças. Entre seus livros mais conhecidos estão Pantaleão e as Visitadoras (1973), Tia Júlia e o Escrevinhador (1977), Conversa na catedral (1969), O falador (1987) e Lituma nos Andes (1993).
“A premiação de Vargas Llosa é uma grande felicidade para a literatura latino-americana. Ele é responsável pelo grande boom narrativo dos anos 1960, com destaque para Batismo de Fogo (1962), considerado seu romance de estreia, e Casa Verde (1966). Depois disso, provou ter um grande fôlego literário”, disse Jorge Schwartz, professor de Literatura Hispano-Americana do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, à Agência FAPESP.
FANZINE ELETRÔNICO MARKETING SOCIAL NO BRASIL. N 45
FANZINE ELETRÔNICO MARKETING SOCIAL NO BRASIL
Rio de Janeiro, 08 de outubro de 2010. Ano 8. N 45.*
12 de outubro Dia das Crianças
Se você optar por um presente para a/o sua/seu filha/o, ao invés de um belo passeio, seguido de uma brincadeira alegre no parque e finalizado por um lanche gostoso e saudável feito por vocês dois em sua cozinha tornando o dia inesquecível para vocês, lembre-se de:
- Comparar os preços $$$;
- Checar o selo de qualidade;
- Checar se a empresa é amiga do meio ambiente;
- Evitar sacolas e embrulhos desnecessários.
Desta forma você estará pensando no futuro dela/dele, em verdade, UM PRESENTE E UM FUTURO AINDA MELHORES.
A C O N T E C E N D O
OUTUBRO
-}Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA)
PRAZO FINAL HOJE
O prazo para registro de candidaturas termina hoje. A eleição acontecerá no dia 26 de novembro. O edital de convocação para as eleições dos conselheiros da sociedade civil foi publicado em 24/9.
Edital: http://www.forumdca.org.br/index.cfm?pagina=noticias¬icia=302
-}2ª Mostra Cineducando - Cinema e Educação Inclusiva
Até o dia 17 de outubro
Caixa Cultural - Av. Almirante Barroso, 25, Centro, próximo ao metrô da Carioca, Rio de Janeiro.
Informações: http://www.cineducando.com.br/programacao.htm
-}XXV Encuentro Nacional de Mujeres
9, 10 y 11/10
Paraná, Entre Rios
Encuentro somos todas!
-}A Kiwi Companhia de Teatro apresenta o espetáculo “Carne”, que discuti a opressão sobre o sexo feminino e a desigualdade ente os sexos.
Próximas apresentações:
(Todas gratuitas e seguidas de debates)
- CEU Vila Atlântica: 10 de outubro (domingo), às 16h – R. Coronel José Venâncio Dias, 840, Jaraguá, São Paulo
- Casa Ser Dorinha: 22 de outubro (sexta-feira), às 10h – R. Dr Guilherme de Abreu Sodré, 485, Cidade Tiradentes, São Paulo
- União de Mulheres (Promotoras legais populares e Projeto Maria Maria): 06 de novembro, 15h – Secretaria de Justiça, Pço do Colégio, 184, São Paulo
-}Grupo Santander premia ideias sustentáveis de alunos universitários
Prazo: 12/10
Para participar o grupo deve conter três alunos e um professor orientador, fazer o cadastro e enviar sua proposta em formato de vídeos ou apresentações.
Inscrições: http://www.caminhoseescolhas.com.br/desafiosustentabilidade/
-}7ª Conferência Internacional do Lixo Zero
28 e 29 de outubro, em Florianópolis, SC.
Promovido por uma pareceria entre o Instituto Lixo Zero Brasil e a Zero Waste Internacional Aliance.
As inscrições podem ser feitas no site da Conferência.
-}Fórum Nacional de E-commerce RJ
30/10
Meios de pagamento online, segurança, soluções, plataformas, mídias sociais e casos de comércio eletrônico serão alguns dos temas discutidos.
Inscrições: http://www.fnec.com.br/inscricoes.php
NOVEMBRO
-}MMA recebe ideias para o PPCS
Prazo: 11/11
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) disponibilizou para consulta pública o Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS) e está recebendo contribuições da sociedade civil.
Para contribuir: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=243&idConteudo=10432&idMenu=11153
-}Seminário Internacional de Inovação Social e Sustentabilidade
22 a 26 de Novembro 2010
Coordenado pelo Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, e realizado conjuntamente com a Agência UFRJ de Inovação, IVIS – Instituto Virtual de Inovação Social – e rede DESIS Brasil – Design para Inovação Social e Sustentabilidade –, com apoio do CNPq.
A participação é gratuita.
Informações e inscrições: http://www.ltds.ufrj.br/inovabr
DEZEMBRO
-}Avaliação Econômica de Projetos Sociais
Data Fim: 13/12/2010
Estão abertas inscrições para o curso gratuito de Avaliação Econômica de Projetos Sociais da Fundação Itaú Social em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador. Inscrições: www.fundacaoitausocial.org.br.
FIM DA EDIÇÃO
FICHA TÉCNICA
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Fontes de consulta - Abdl, Abong, Akatu, Gife, Idec, Rits, Agência Patricia Galvão, Envolverde
--------------------------------------------------
*Jornalista Responsável - Márcia Neves - DRT 30181/96 - Autora dos livros "A violência contra a mulher no mercado de trabalho"(2009), "Consumo Consciente"(2003), "O Novo Mercado - Do Social ao Ambiental"(2002), e "Marketing Social no Brasil"(2001), todos pela Editora E-Papers - www.e-papers.com.br
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TWITTER https://twitter.com/marciamneves
SÍTIO https://sites.google.com/site/marcianeves/
BLOG http://marcianeves.blogspot.com/
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O FANZINE ELETRÔNICO MARKETING SOCIAL NO BRASIL pertence ao gênero
de imprensa alternativa que foge as estruturas comerciais de produção e uma de suas características é a independência. Distribuição gratuita e eletrônica. É permitido republicar, desde que citada a fonte sítio.
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Edital: http://www.forumdca.org.br/index.cfm?pagina=noticias¬icia=302
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Até o dia 17 de outubro
Caixa Cultural - Av. Almirante Barroso, 25, Centro, próximo ao metrô da Carioca, Rio de Janeiro.
Informações: http://www.cineducando.com.br/programacao.htm
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9, 10 y 11/10
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28 e 29 de outubro, em Florianópolis, SC.
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Prazo: 11/11
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22 a 26 de Novembro 2010
Coordenado pelo Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, e realizado conjuntamente com a Agência UFRJ de Inovação, IVIS – Instituto Virtual de Inovação Social – e rede DESIS Brasil – Design para Inovação Social e Sustentabilidade –, com apoio do CNPq.
A participação é gratuita.
Informações e inscrições: http://www.ltds.ufrj.br/inovabr
DEZEMBRO
-}Avaliação Econômica de Projetos Sociais
Data Fim: 13/12/2010
Estão abertas inscrições para o curso gratuito de Avaliação Econômica de Projetos Sociais da Fundação Itaú Social em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador. Inscrições: www.fundacaoitausocial.org.br.
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*Jornalista Responsável - Márcia Neves - DRT 30181/96 - Autora dos livros "A violência contra a mulher no mercado de trabalho"(2009), "Consumo Consciente"(2003), "O Novo Mercado - Do Social ao Ambiental"(2002), e "Marketing Social no Brasil"(2001), todos pela Editora E-Papers - www.e-papers.com.br
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