segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Palestina e Israel



Existem 5 grupos de palestinos e 4 deles não terão benefício com a ida de Abbas à ONU

Gustavo Chacra - Estadão 17.09.2011

no twitter @gugachacra

Os palestinos podem ser divididos em cinco grupos, conforme escrevi no passado. Primeiro, existem os palestinos da Cisjordânia. Eles são governados pela Autoridade Palestina e ainda vivem sob a ocupação israelense com cerca de 400 mil colonos morando em assentamentos, sem falar na presença militar. Estes palestinos querem a criação de um Estado poder ter a cidadania de algum lugar.

O segundo grupo é formado pelos palestinos da Faixa de Gaza. Não há mais assentamentos nem presença militar israelense no território. Porém existe um bloqueio para impedir a entrada de armas que provoca efeitos colaterais para a circulação de outros produtos, incluindo remédios e alimentos. Atualmente, estes palestinos vivem sob o controle de Hamas e não são cidadãos de nenhum lugar.

Os palestinos de Israel compõem o terceiro grupo. Eles possuem cidadania israelense e correspondem a 20% da população. Como minorias em outras partes do mundo, os árabes-israelenses, que podem ser cristãos, muçulmanos ou drusos, reclamam de preconceito e de serem tratados como cidadãos de segunda classe.

A quarta divisão dos palestinos é representada pelos que vivem na Jordânia. Eles possuem cidadania jordaniana. Porém, de uma forma similar aos árabes de Israel, reclamam muitas vezes do tratamento. A diferença é que, por dominarem a iniciativa privada em Amã, compõem a elite do país dominado pela monarquia hashemita.

O quinto grupo é forma pelos palestinos da Síria e do Líbano, com algumas diferenças entre eles. Os que estão em Damasco possuem direito a educação e saúde. São como os demais sírios, mas sem direito ao voto, o que não é lá grande coisa no regime de Assad. Já os de Beirute vivem em situação de Apartheid, sendo tratados como cidadãos de “quinta” classe, vivendo em campos de refugiados e sem poder exercer uma série de profissões.

A ida da Autoridade Palestina à ONU, como é de se esperar, leva em consideração apenas os interesses dos palestinos da Cisjordânia. Afinal, apenas este o território é administrado pelo presidente Mahmoud Abbas. Em Gaza, continuará como está. A situação dos árabes de Israel pode piorar, especialmente depois de o líder palestino dizer que o futuro Estado não teria judeus – dando o argumento para extremistas em Israel dizerem que seu Estado não terá árabes. Para os palestinos da Jordânia, da Síria e do Líbano, o sonho de voltar para as suas terras não se concretizará. Especialmente se eles forem do que hoje é Israel.


17.setembro.2011 13:35:24

Palestinos criticam e israelenses elogiam veto americano na ONU

Guila Flint 19 de fevereiro, 2011

De Tel Aviv para a BBC Brasil

Lideres palestinos criticaram neste sábado o veto dos Estados Unidos que bloqueou, na véspera, a resolução do Conselho de Segurança da ONU contra a expansão dos assentamentos israelenses.

A posição americana, no entanto, foi elogiada pelo primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.

O secretário-geral do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Abed Rabbo, declarou que a decisão do governo americano de vetar a resolução foi "infeliz" e afirmou que a liderança palestina irá repensar a continuação da negociação com Israel.

Para Riyad Mansour, o representante palestino na ONU, "o Conselho de Segurança fracassou em sua reação à crise entre israelenses e palestinos, pois não enviou uma mensagem clara e enérgica de que Israel deve parar com as violações e os obstáculos ao processo de paz".

"Tememos que a mensagem enviada pela Conselho de Segurança só incentive a intransigencia de Israel e sua certeza de que poderá passar impune", afirmou Mansour.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, rejeitou o pedido do presidente americano Barack Obama de não levar ao Conselho de Segurança a proposta de denúncia aos assentamentos israelenses.

Obstáculo para negociações

Dos 15 membros do Conselho, 14 votaram em favor da denúncia, porém o veto americano impediu que a resolução fosse aprovada.

A construção dos assentamentos israelenses nos territórios ocupados é considerada o principal obstáculo para a retomada das negociações entre israelenese e palestinos.

Desde a assinatura do acordo de Oslo, entre o ex-premiê israelense Itzhak Rabin e o lider palestino Yasser Arafat, em 1993, o número de colonos israelenses residentes na Cisjordânia ocupada aumentou de 100 mil para 300 mil.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, suspendeu as negociações com Israel em setembro de 2010, depois que o premiê Netanyahu se negou a prolongar o prazo do congelamento da construção dos assentamentos.

O ex-chefe da equipe de negociações palestina, Saeb Erekat, chegou a afirmar neste sabado que os lideres palestinos devem repensar "a própria existência da Autoridade Palestina".

"Não há sentido em manter a Autoridade Palestina se a ocupação continua", disse Erekat, acrescentando que a liderança palestina deve considerar a possibilidade de desmantelar a AP e "transferir a responsabilidade (pelos civis palestinos nos territorios ocupados) para Netanyahu".

Agradecimento

Já o governo israelense elogiou o veto americano e agradeceu ao governo americano pela medida que tomou.

"Apreciamos profundamente a posição dos Estados Unidos", declarou neste sabado o gabinete do primeiro-ministro Netanyahu.

Atualizado em 19 de fevereiro, 2011 - 10:19 (Brasília) 12:19 GMT

O Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou o apoio geral na ONU à resolução de denunciar a construção dos assentamentos israelenses.

"Nestes dias em que o Oriente Medio passa por mudanças históricas que afetarão o futuro da região inteira, nos surpreende que o Conselho de Segurança escolha tratar de somente um aspecto das várias questões fundamentais da negociação israelense-palestina, ignorando o contexto amplo dos desdobramentos em nossa região", diz o comunicado do ministério.

O vice-chanceler de Israel, Danny Ayalon, declarou que "as tentativas dos palestinos de contornar as negociações diretas e impor uma solução são fadadas ao fracasso".

Segundo Ayalon, "se os palestinos têm intenções sérias de solucionar o conflito, devem parar com o ataque politico a Israel e retomar imediatamente a negociação direta, sem pretextos".


Entenda o conflito Israel x Palestina

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