Existem 5 grupos de palestinos e 4 deles não terão benefício com a ida de Abbas à ONU
Gustavo Chacra - Estadão 17.09.2011
no twitter @gugachacra
Os palestinos podem ser divididos em cinco grupos, conforme escrevi no passado. Primeiro, existem os palestinos da Cisjordânia. Eles são governados pela Autoridade Palestina e ainda vivem sob a ocupação israelense com cerca de 400 mil colonos morando em assentamentos, sem falar na presença militar. Estes palestinos querem a criação de um Estado poder ter a cidadania de algum lugar.
O segundo grupo é formado pelos palestinos da Faixa de Gaza. Não há mais assentamentos nem presença militar israelense no território. Porém existe um bloqueio para impedir a entrada de armas que provoca efeitos colaterais para a circulação de outros produtos, incluindo remédios e alimentos. Atualmente, estes palestinos vivem sob o controle de Hamas e não são cidadãos de nenhum lugar.
Os palestinos de Israel compõem o terceiro grupo. Eles possuem cidadania israelense e correspondem a 20% da população. Como minorias em outras partes do mundo, os árabes-israelenses, que podem ser cristãos, muçulmanos ou drusos, reclamam de preconceito e de serem tratados como cidadãos de segunda classe.
A quarta divisão dos palestinos é representada pelos que vivem na Jordânia. Eles possuem cidadania jordaniana. Porém, de uma forma similar aos árabes de Israel, reclamam muitas vezes do tratamento. A diferença é que, por dominarem a iniciativa privada em Amã, compõem a elite do país dominado pela monarquia hashemita.
O quinto grupo é forma pelos palestinos da Síria e do Líbano, com algumas diferenças entre eles. Os que estão em Damasco possuem direito a educação e saúde. São como os demais sírios, mas sem direito ao voto, o que não é lá grande coisa no regime de Assad. Já os de Beirute vivem em situação de Apartheid, sendo tratados como cidadãos de “quinta” classe, vivendo em campos de refugiados e sem poder exercer uma série de profissões.
A ida da Autoridade Palestina à ONU, como é de se esperar, leva em consideração apenas os interesses dos palestinos da Cisjordânia. Afinal, apenas este o território é administrado pelo presidente Mahmoud Abbas. Em Gaza, continuará como está. A situação dos árabes de Israel pode piorar, especialmente depois de o líder palestino dizer que o futuro Estado não teria judeus – dando o argumento para extremistas em Israel dizerem que seu Estado não terá árabes. Para os palestinos da Jordânia, da Síria e do Líbano, o sonho de voltar para as suas terras não se concretizará. Especialmente se eles forem do que hoje é Israel.
Palestinos criticam e israelenses elogiam veto americano na ONU
Guila Flint 19 de fevereiro, 2011
De Tel Aviv para a BBC Brasil
Lideres palestinos criticaram neste sábado o veto dos Estados Unidos que bloqueou, na véspera, a resolução do Conselho de Segurança da ONU contra a expansão dos assentamentos israelenses.
A posição americana, no entanto, foi elogiada pelo primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.
O secretário-geral do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Abed Rabbo, declarou que a decisão do governo americano de vetar a resolução foi "infeliz" e afirmou que a liderança palestina irá repensar a continuação da negociação com Israel.
Para Riyad Mansour, o representante palestino na ONU, "o Conselho de Segurança fracassou em sua reação à crise entre israelenses e palestinos, pois não enviou uma mensagem clara e enérgica de que Israel deve parar com as violações e os obstáculos ao processo de paz".
"Tememos que a mensagem enviada pela Conselho de Segurança só incentive a intransigencia de Israel e sua certeza de que poderá passar impune", afirmou Mansour.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, rejeitou o pedido do presidente americano Barack Obama de não levar ao Conselho de Segurança a proposta de denúncia aos assentamentos israelenses.
Obstáculo para negociações
Dos 15 membros do Conselho, 14 votaram em favor da denúncia, porém o veto americano impediu que a resolução fosse aprovada.
A construção dos assentamentos israelenses nos territórios ocupados é considerada o principal obstáculo para a retomada das negociações entre israelenese e palestinos.
Desde a assinatura do acordo de Oslo, entre o ex-premiê israelense Itzhak Rabin e o lider palestino Yasser Arafat, em 1993, o número de colonos israelenses residentes na Cisjordânia ocupada aumentou de 100 mil para 300 mil.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, suspendeu as negociações com Israel em setembro de 2010, depois que o premiê Netanyahu se negou a prolongar o prazo do congelamento da construção dos assentamentos.
O ex-chefe da equipe de negociações palestina, Saeb Erekat, chegou a afirmar neste sabado que os lideres palestinos devem repensar "a própria existência da Autoridade Palestina".
"Não há sentido em manter a Autoridade Palestina se a ocupação continua", disse Erekat, acrescentando que a liderança palestina deve considerar a possibilidade de desmantelar a AP e "transferir a responsabilidade (pelos civis palestinos nos territorios ocupados) para Netanyahu".
Agradecimento
Já o governo israelense elogiou o veto americano e agradeceu ao governo americano pela medida que tomou.
"Apreciamos profundamente a posição dos Estados Unidos", declarou neste sabado o gabinete do primeiro-ministro Netanyahu.
Atualizado em 19 de fevereiro, 2011 - 10:19 (Brasília) 12:19 GMTO Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou o apoio geral na ONU à resolução de denunciar a construção dos assentamentos israelenses.
"Nestes dias em que o Oriente Medio passa por mudanças históricas que afetarão o futuro da região inteira, nos surpreende que o Conselho de Segurança escolha tratar de somente um aspecto das várias questões fundamentais da negociação israelense-palestina, ignorando o contexto amplo dos desdobramentos em nossa região", diz o comunicado do ministério.
O vice-chanceler de Israel, Danny Ayalon, declarou que "as tentativas dos palestinos de contornar as negociações diretas e impor uma solução são fadadas ao fracasso".
Segundo Ayalon, "se os palestinos têm intenções sérias de solucionar o conflito, devem parar com o ataque politico a Israel e retomar imediatamente a negociação direta, sem pretextos".
Entenda o conflito Israel x Palestina
Fonte: Globo.com
Raízes do conflito
Em 1897, durante o primeiro encontro sionista, ficou decidido que os judeus retornariam à Terra Santa, em Jerusalém, de onde foram expulsos pelos romanos no século III d.C.. Imediatamente teve início a emigração para a Palestina, que era o nome da região no final do século XIX. Nesta época, a área pertencia ao Império Otomano, onde viviam cerca de 500 mil árabes. Em 1903, 25 mil imigrantes judeus já estavam vivendo entre eles. Em 1914, quando começou a I Guerra Mundial (1914-1918), já eram mais de 60 mil. Em 1948, pouco antes da criação do estado de Israel, os judeus somavam 600 mil.
O Estado duplo
Os confrontos se tornavam mais violentos à medida que a imigração aumentava. Durante a II Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo de imigrantes aumentou drasticamente porque milhões de judeus se dirigiram à Palestina fugindo das perseguições dos nazistas na Europa. Em 1947, a ONU tentou solucionar o problema e propôs a criação de um “estado duplo”: o território seria dividido em dois estados, um árabe e outro judeu, com Jerusalém como “enclave internacional”. Os árabes não aceitaram a proposta.
As Guerras
No dia 14 de maio de 1948, Israel declarou independência. Os exércitos do Egito, Jordânia, Síria e Líbano atacaram, mas foram derrotados. Em 1967 aconteceram os confrontos que mudariam o mapa da região, a chamada “Guerra dos Seis Dias”. Israel derrotou o Egito, Síria e Jordânia e conquistou de uma só vez toda a Cisjordânia, as colinas do Golán e Jerusalém leste (veja mapa ao lado). Em 1973, Egito e Síria lançaram uma ofensiva contra Israel no feriado de Yom Kippur, o Dia do Perdão, mas foram novamente derrotados.
Intifada
Em 1987 aconteceu a primeira Intifada, palavra árabe que significa “sacudida” ou “levante”, quando milhares de jovens saíram às ruas para protestar contra a ocupação considerada ilegal pela ONU. Os israelenses atiraram e mataram crianças que jogavam pedras nos tanques, provocando indignação na comunidade internacional.A segunda Intifada teve início em setembro de 2000, após o então primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, ter caminhado nas cercanias da mesquita de Al-Aqsa, considerada sagrada pelos muçulmanos e parte do Monte do Templo, área sagrada também para os judeus.
Situação no século XXI
Israel permanece nos territórios ocupados e se nega a obedecer a resolução 242 da ONU, que obriga o país a se retirar de todas as regiões conquistadas durante a Guerra dos Seis Dias. Apesar das negociações, uma campanha de atentados e boicotes de palestinos, que se negam a reconhecer o estado de Israel, e israelenses, que não querem devolver os territórios conquistados, não permite que a paz se concretize na região.
Cisma Palestino
Em junho de 2007 a Autoridade Nacional Palestina se dividiu, após um ano de confrontos internos violentos entre os partidos Hamas e Fatah, que deixaram centenas de mortos. A Faixa de Gaza passou a ser controlada pelo Hamas, partido sunita do Movimento de Resistência Islâmica, e a Cisjordânia se manteve sob o governo do Fatah do presidente Mahmoud Abbas. O Hamas havia vencido as eleições legislativas paestinas um ano antes, mas a Autoridade Palestina haia sido pressionada e não permitiu um governo independente por parte do premiê Ismail Hamiya. Abbas declarou estado de emergência e destituiu Haniya, mas o Hamas manteve o controle de fato da região de Gaza.
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